domingo, 30 de setembro de 2012

Guia de Paris #4 - Pâtisseries

Qual é o fenómeno que faz com que apeteça comer absolutamente tudo o que está exposto numa pâtisserie francesa?



Tudo parece acabadinho de sair do forno da avó da senhora que está a atender!
 
A dificuldade está em escolher...
 
No meu caso não dá para abdicar do croissant. Portanto a coisa resume-se a saber o que comer depois do croissant. Desta vez estava numa de macarrons. Cada dia um sabor diferente. Acho que o vencedor foi o macarron de limão - mas nem perto de destronar o croissant!
 
 
Adoro este vídeo que ilustra bem as maravilhas e os dilemas associados às pâtisseries.

sábado, 29 de setembro de 2012

Guia de Paris #3 - Alugar uma casa

Começámos à procura de hotel mais de um mês antes da viagem mas já não fomos a tempo... Já só havia hotéis caros ou hotéis que nos faziam duvidar seriamente das suas condições de salubridade...

Então decidimos arriscar arrendar uma casa. Há muitos sites de aluguer de curta duração e já tinha visto em vários blogs, por isso decidimos arriscar...

E não é que correu tudo bem?

Procurámos aqui. Contactámos por e-mail vários proprietários de casas que nos agradaram e quase todos responderam rapidamente. Infelizmente já era em cima da hora, pelo que as melhores casas já estavam ocupadas.

Finalmente tudo se conjugou com o Nicolas e reservámos esta casinha.

 
Ficava mesmo no centro do Marais, perto do metro e a uns dez minutos a pé da Notre Dame.
A entrada da rua dava acesso a um pátio interior que por sua vez servia de entrada a vários prédios. O pátio interior parecia tirado de um filme, com hera a cobrir as paredes e pedra cinzenta a forrar o chão.
 
A nossa casinha era um estúdio no último andar de um dos prédios com um vista espantosa sobre os telhados de Paris.
 
 
Estávamos cheios de medo de chegar lá (ainda por cima chegámos quase à meia noite) e que ninguém nos viesse abrir a porta. Já tínhamos feito um filme completo: ficámos sem o dinheiro (porque já tínhamos pago pelo PayPal) e ainda temos de dormir na rua porque vai ser impossível arranjar um hotel àquela hora.

Mas não...

Ligámos quando chegámos e passados poucos minutos apareceu a mãe da dona da casa para nos abrir a porta. E era tão francesa que estava a comer uma baguete antes de nós chegarmos (!) e pediu muito desculpa por ainda não ter limpado as migalhas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Guia de Paris #2 - Bicicleta do Marais à Torre Eiffel


 
Depois de uma experiência menos bem sucedida à porta de "casa", por falta de bicicletas e problemas técnicos, e já com o assunto do croissant arrumado, e bem arrumado, voltamos a tentar pegar em duas bicicletas e passear por Paris.
 
Missão cumprida: duas bicicletas destrancadas e a funcionar! Viva o Vélib!
 
Partimos do Hôtel de Ville, à porta do Marais, e só paramos no Pont de l'Alma, já com a Torre Eiffel à vista.
 
 
 
Uma aventura. O trânsito em Paris é intenso e aquela estrada, com a Sena sempre a nosso lado, está em obras, passando de três para duas vias em algumas partes do trajeto, obrigando a uma incursão no passeio e à utilização das passadeiras para os peões.
 
(A rotunda do Arco de Triunfo, de carro, não é uma aventura menor, diga-se!)
 
Uma experiência a repetir, sem dúvida, pela intensidade com que se vive a cidade.

Guia de Paris #1 - Joana Vasconcelos em Versailles

Este fim-de-semana deixámos o G muito bem disposto com os avós e fugimos até Paris. É uma cidade que eu adoro porque dá vontade de passear. Tudo é plano, a arquitectura coerente e linda, as pessoas vestidas com estilo (cada um com o seu, é certo... e alguns um tanto ou quanto duvidosos, mas, sem dúvida, criativos), comidinha boa e uma vida cultural animada.
 
Uma das coisas a não perder era a exposição da Joana Vasconcelos, em Versailles.
 
Já conhecia o Palácio e já tinha visto algumas das peças da Joana Vasconcelos ao vivo, mas as duas coisas juntas tornam-se improvavelmente espantosas.
 
Acho que tem a ver com o inesperado, com a junção de duas realidades quase opostas. O estilo sumptuoso, majestoso, conservador (e dourado!) do espaço com a modernidade das peças. Para além disso, as peças expostas, pela sua dimensão, enchem os espaços e tornam-nos mais apelativos do que as meras salas vazias.
 
A primeira peça que vimos foi o coração independente preto, nada mau para começar, mas logo a seguir o vermelho que para mim funcionava ainda melhor pelo contraste do vermelho com o dourado da sala.

 

Umm... note-se só que as fotos não fazem mínima justiça...
 
 
 
Não faltavam os sapatos da Marilyn e uma peça: O que é isto??!
 
 
Fiquei maravilhada com a expressão atenta dos Guardas.
 
 
E com o Vitral.
 
 
Achei as Valquírias assim-assim; os materiais usados eram bonitos mas depois ficava demasiado confuso, formas e texturas e padrões a mais.
E o Lilicóptero era estranho mas imponente. Feminino e boémio.
 
E depois vieram os jardins. Espectaculares só por si (apesar da chuvinha que nos fez companhia) e magníficos com os Blue Champagne.
 
 
 
Valeu muito a pena e é, sem dúvida, um caso em que ambas as partes ganham - o espaço fica valorizado e as peças ganham outra dimensão pela envolvência.
 
A única coisa que me deixa triste é que seja em França e não em Portugal. Os portugueses não o saberiam valorizar? Não há condições, nem apoios suficientes? É melhor para o currículo da artista que seja no estrangeiro? Provavelmente todas elas.
 
 


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Como ler o jornal - Lado B



Ler o jornal ao sábado de manhã significa, ao mesmo tempo, fazer uma pausa e exercitar a reflexão sobre o Mundo em que vivemos.
 
As duas componentes são mais agradáveis e interessantes se for possível partilhar a notícia, a crónica ou o artigo de opinião com quem está ao nosso lado.
 
Partilhar é sentir que aquele momento é passado e vivido a dois!
 
Partilhar é criar um conjunto de referências comuns para o futuro!
 
Partilhar é mostrar ao outro aquilo que nos tocou de alguma forma!
 
E comentar o que se lê num jornal é, para mim, um momento de partilha, porque a seleção do que se conta é intimidade e vontade de fazer o outro sentir o mesmo que nós.

Ah! E vou continuar a partilhar...

Vai ser assim:
Eu: Viste o atentado de ontem na República das Bananas, que causou uma data de mortos?
Ela: ...
Eu: Impressionante!
Ela: ...
Eu: Eh pá, isto foi mesmo violento!
Ela: Pois. Muito interessante.

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Como ler o jornal - Lado A

Toda a gente sabe que o jornal se lê sossegadinho, num momento relaxante, em que a mente se perde nas novidades ou opiniões contidas naquelas páginas, pensava eu.
 
Mas afinal não é assim...!
 
Parece que há os que deslizam para um mundo paralelo e os que palram partilham.
 
Muitas vezes compramos o Expresso - Ele lê o jornal, eu prefiro a revista. Eu abstraio-me, Ele partilha.
 
O resultado é normalmente:
Ele: Blablablablabla.
Eu: Pois. Interessante. (não ouvi absolutamente nada)
 
Ou:
Ele: Então tinhas visto não sei o quê no Expresso e não me disseste?
Eu: Ups.
 
O pior é mesmo quando o cenário é:
Eu: Então tinhas visto não sei o quê no Expresso e não me disseste?
Ele: Eu disse-te!
Eu: Ups.
 
Foto tirada em Taizé (é mais ou menos assim o meu mundo paralelo... nada mau!)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Escrevinhar #3 - À volta de uma cor - Lado B

Há uns tempos participámos num workshop de escrita criativa. Os textos dos Lados A e B surgiram do mesmo estímulo. A mesma realidade, duas perspetivas...

O céu é azul e está fresco. Quando é assim o dia começa bem.

O Turquesa espreguiça-se e sacode a crina. Vive num sítio onde o azul se encontra com o verde, lá em cima no topo da montanha, e é feliz. Mas desde há algum tempo uma dúvida o assalta, constantemente, como um pingo de água a bater numa pedra.

O que acontecerá para lá das montanhas?

Anseia por encontrar algo mais mas tem medo de deixar o vale que conhece.

Olha para o horizonte e parece-lhe ouvir alguém a chamar. Parte e sente-se liberto.

Parte à procura do cavaleiro que o faça sentir finalmente completo, a dois.
 
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Escrevinhar #3 - À volta de uma cor - Lado A


Há uns tempos participámos num workshop de escrita criativa. Os textos dos Lados A e B surgiram do mesmo estímulo. A mesma realidade, duas perspetivas...

Estamos presos nesta liberdade, em que o branco é tão fácil de sujar. Libertos numa sombra que nos assombra, há branco que nos assusta. Nas pontes, os horizontes que se abrem são o vazio que nos preenche, caminhando sem direção mas com sentido, procurando o destino que à medida do caminho se vai traçando. Nos rios, o branco nunca é branco, porque se vai colorindo com a passagem por cada margem, por cada momento de uma existência sem pausas, preenchida pela cor de uma ideia que por ali passa.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A semana vista por Ele #2



1 - Se a semana anterior tinha ficado marcada por uma declaração ao país de Passos Coelho na sexta-feira, esta ficou marcada por uma entrevista de... Passos Coelho na quinta-feira. Estou a ser injusto para Vítor Gaspar, que também teve a sua dose de protagonismo, na terça-feira, incendiando ainda mais a fogueira onde o Governo se vai queimando diariamente.
 
2 - Os partidos do Governo estão em polvorosa. Militantes e simpatizantes de destaque dos dois partidos, como Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, criticam as medidas apresentadas e sente-se uma necessidade constante (e suspeita) de afirmação de apoio e negação de divergências.
 
3 - Teremos amanhã um conjunto de manifestações promovidas por um movimento da sociedade civil, sem ligações partidárias ou sindicais. A ideia, em si, é boa, mas o perigo de um discurso contra a política e os políticos é grande e a organização associativa dos cidadãos, de preferência em partidos, é fundamental para a democracia. Sem organização - e um qualquer modelo de representação - nenhum projeto democrático poderá crescer ou resistir.
 
4 - Na última terça-feira, dia 11 de setembro, Dia da Catalunha, um milhão e meio de catalães juntaram-se nas ruas de Barcelona para exigir a independência em relação a Espanha. Num momento de crise, uma das regiões mais ricas de Espanha quer tornar-se independente. Talvez um sinal dos tempos que aí vêm... Fica a nota, mais cómica, de que o Presidente do F.C. Barcelona garante que, em caso de independência da Catalunha, a sua equipa continuaria a jogar na liga espanhola!
 
5 - O castigo a Luisão está traçado desde o dia em que Pinto da Costa falou ao país sobre o assunto, e o timing também deve ter sido encomendado, para causar o maior prejuízo possível. Será que o Benfica, apesar da independência de Portugal, não poderia também pedir para jogar na liga espanhola?

A semana vista por Ela #2

 
 
Ontem à noite as ruas do Chiado encheram-se de gente na Vogue Fashion´s Night Out. É certo que é um evento um tanto ou quanto para ver e ser visto mas a moda também é cultura e acho ótimo que Lisboa seja uma cidade cosmopolita!
 
Começou hoje o Encontro "Presente no Futuro - Os Portugueses em 2030". Não posso falar do conteúdo porque não vi ainda nenhum dos painéis, mas acho a ideia espetacular. Se consideramos tão importante fazer projetos para o futuro para nós próprios e discutirmos com quem dividimos a vida os valores que queremos que orientem a nossa vida, não será também fundamental fazermos essa reflexão enquanto sociedade? Acho que sim... A democracia também devia ser isso!
 
E, claro, a notícia mais importante da semana! A Kate Middleton foi apanhada a fazer topless... Uma escandaleira! A sério... até tem piada... mas será que as pessoas não podem ter um bocado de descanso...?

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Aldeia da Terra - Lado B


Uma cidade com muita cor, em pleno Alentejo, diverte quem por lá passa.
 
As personagens, os prédios, as ruas e os objetos têm como objetivo traçar o retrato da nossa sociedade, de ontem, de hoje e de amanhã, e, através de uma sátira social toca no nosso imaginário e na nossa imaginação, fazendo-nos percorrer caminhos que não imaginávamos.


Numa mistura de elementos urbanos e rurais, antigos e modernos, conservadores e liberais, passamos por um aeroporto simultaneamente civil e militar, com obras na pista, por uma igreja imponente, à porta da qual um impaciente automobilista tem de aguardar por vez para passar, e por um cemitério em que as lápides descrevem em diálogo as características verdadeiras dos seus moradores.
 


Um projeto muito interessante, que espero tenha sucesso, não sendo levada pela onda recessiva que se aproxima.



Aldeia da Terra - Lado A

Enquanto andávamos por Arraiolos demos de cara com isto:



Sim, são porcos a jogar xadrez...! Mas na verdade não demos de caras com eles assim sem mais. Seguimos as indicações para a "Aldeia da Terra" onde estes porcos habitam alegremente.
 
A aldeia foi pensada por dois artistas que fazem esculturas com barro. É um terreno do tamanho de meio campo de futebol onde constantemente são acrescentados novos habitantes.
 
 
 
É diferente, inesperado e colorido. São caricaturas em 3 dimensões que nos fazem sorrir.
 
Tenho de partilhar esta que me arrancou uma gargalhada... Chama-se a "Polaroid da boda". Ainda bem que não tenho nenhuma foto do nosso casamento assim...Ufa!
 
 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Onde é que tu estavas no 11 de setembro? - Lado B


Eram 13h25 e, como todos os dias, dirigi-me para o autocarro da escola, que partia a essa hora, rumo a casa. O motorista estava a ouvir as notícias na rádio e disse-nos, ao entrarmos, que um avião tinha embatido numa das torres gémeas, em Nova Iorque.
 
Lembro-me de aquilo ser algo estranho mas acho que nem sequer foi tema de conversa durante a viagem.
 
Só quando cheguei a casa, por volta das 14h10, já depois do segundo embate, e liguei a televisão, comecei a perceber a dimensão do que acabara de acontecer.
 
É engraçado que me lembro perfeitamente de como soube e de ver as imagens, mas não me lembro minimamente do que pensei, nem do que senti... parece que a memória apenas guardou imagens mas não a interpretação que, na altura, fiz delas.
 
É pena... Hoje gostava de saber o que, com 16 anos de idade, pensei sobre o assunto.
 
Nota: As "11 Perspectivas", que Ele me deu a conhecer, são imperdíveis.
 
 

 

Onde é que tu estavas no 11 de setembro? - Lado A

 
 
A frase Onde é que tu estavas no 25 de abril?, imortalizada por Herman José, numa caricatura inspirada no grande Baptista Bastos, tem um conteúdo político significativo, questionando-se várias personagens, reais ou imaginárias, físicas ou espirituais, sobre a sua posição relativamente à revolução de 1974. Nada disto me ocupa neste momento, apesar da grande atualidade do tema do posicionamento de cada um de nós.
 
A frase é de tal forma genial que pode ser transposta e utilizada para outros momentos e contextos históricos.
 
E é este o desafio para hoje. Onde é que eu estava no dia 11 de setembro de 2001, um dos dias mais marcantes para todos aqueles que o viveram?
 
Férias da Faculdade, almoço com o meu pai, liga a minha mãe e diz-nos que um avião bateu numa torre uns minutos antes em Nova Iorque. "O quê...", digo, brincando com a situação, por pensar que não era a sério. Uns minutos depois, novo telefonema, segundo avião a bater nas torres. Corremos em direção a uma televisão... e o Mundo parou por instantes, perante aquele espetáculo mediático notável do ponto de vista estético, mas cruel do ponto de vista humano.
 
O resto do dia e da noite foram passados a tentar perceber como é que seria o Mundo depois desse acontecimento que tinha vivido. Não me lembro exatamente o que pensei, até porque o choque daquelas imagens não permitiam uma reflexão estruturada, mas sei que a perplexidade tomou conta de mim.
 
Certamente não me lembrei na altura, mas hoje quero que fique registado, que, uns anos antes, nesse mesmo dia, mas em 1973, morria Salvador Allende, democraticamente eleito presidente do Chile, na sequência de um golpe de estado apoiado pelos Estados Unidos.
 
Isto não é fácil... Fica a imagem, retirada de uma das "11 Perspectivas" do momento, esta de Sean Penn.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A semana vista por Ele


1 - Esta semana ficou marcada pelo anúncio de um novo aumento da tributação dos portugueses, com um desagravamento da situação das empresas, num discurso ingrato do Primeiro-Ministro. Verifica-se assim, num período complicado da vida dos portugueses, uma transferência de riqueza dos trabalhadores para as empresas. Ainda por cima mal explicada, embrulhada num discurso demagógico e incompreensível num primeiro momento, balizada por objetivos irreais.

Para além de se prever totalmente ineficaz nos objetivos de redução quer do défice (a descida da contribuição das empresas compensa grande parte da descida dos rendimentos das famílias) quer do desemprego (alguém acredita num acréscimo de produção num país sem consumo?) que, segundo diz Pedro Passos Coelho, visa alcançar, trata-se de mais uma medida que não ataca a "dita" gordura do Estado, que agora se descobre inexistente, ou pelo menos intocável.

Tal como dizia há dias por aqui, falha essencialmente a democracia, com o incumprimento diário do programa sufragado pelos portugueses há pouco mais de um ano. Mas isso "resulta mais da demissão de (quase) todos nós da decisão política do que da incompetência dos governantes, que, tal como noutros setores, acabam também por intervir muitas vezes sob a sombra de interesses meramente privados".

Este modelo de democracia não resistirá muito mais tempo a este tipo de ataques.

2 - No início da semana, outra notícia marcante, foi a venda de Hulk e Witsel ao Zenit, cada um por 40 milhões de euros. Excelentes negócios para o futebol português e para o país, que assim vê aumentar o valor das suas exportações. Para o Porto, fica o amargo de boca da contradição com o que tinha sido dito três dias antes pelo seu presidente. Para o Benfica, fica a difícil tarefa de substituir o meio campo que tanta solidez mostrou ao longo da última época. E, para além disso, se Witsel tem saído antes, estou convencido de que Javi García, "vendido" por um ótimo preço, teria sido negociado por valores ainda mais elevados.

A semana vista por Ela

 
O Benfica perdeu muito no departamento estético... Depois do Javi Garcia foi o Witsel para outras paragens. Quem é que agora me vai alegrar a vista durante os jogos? Junto-me ao Cristiano Ronaldo na sua tristeza...!
 
A Troika anda por cá... Eu já desconfiava que eles vinham cá mais para passear por este país maravilhoso do que qualquer outra coisa. Agora ficou confirmado quando um deles foi apanhado a passear no 28.
 
No Ohio, um Estado maioritariamente republicano, tentaram estabelecer regras que previam que as urnas nos distritos democráticos estariam abertas menos tempo do que nos distritos republicanos... Ahaha! Há pessoas com ideias fantásticas.
 
O Primeiro-Ministro anunciou na sexta-feira mais medidas milagrosas para não salvar o país e esvaziar os nossos bolsos. Estas para mim são absolutamente incompreensíveis... Vamos tirar aos trabalhadores (sem sequer estabelecer salários que por tão reduzidos ficariam isentos) e dar às empresas. Pois... De certeza que o Belmiro de Azevedo agradece... Parece-me que andaram a ler o Robin Hood ao contrário...!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Poetas decimeiros - Lado B



Um mundo à parte. Foi isso que pensei ao chegar à festa da Igrejinha. Aquela festa é deles e é feita à sua medida, sem preocupações com o que os outros fazem ou pensam.

O momento dos poetas decimeiros é entre o sagrado e o profano... As décimas são dirigidas à Nossa Senhora da Consolação mas os recadinhos que elas contêm têm destinatários terrenos - pretende-se mesmo fazer passar uma mensagem à aldeia e ao próprio vizinho, neto ou amigo.

Fascinou-me aquela sátira, simples mas honesta!

E para completar o quadro surreal falta ainda dizer que, entre uma décima e a seguinte, eram lançados foguetes e uma banda de dimensão inesperada (umas 30 pessoas) tocava excertos de músicas ainda mais inesperadas ("Os filhos da nação", "I wanto to break free" ou "We will rock you") - isto tudo com a Nossa Senhora a ouvir, note-se...!

Poetas decimeiros - Lado A




 
Este ano, decidimos encerrar o capítulo de agosto e começar o de setembro com um fim-de-semana a dois (sem o G., muito bem entregue em casa da avó), na tranquila e bela vila de Arraiolos.
 
No sábado, disseram-nos que havia festa na aldeia de Igrejinha e aí fomos nós, logo a seguir ao jantar, sem saber muito bem o que o local nos reservava.
 
E muito nos reservava, diga-se...
 
Chegados à aldeia e às festas, fomos surpreendidos por um momento fascinante de cultura popular. Os poetas decimeiros tinham começado pouco antes a declamar as suas décimas à Nossa Senhora da Consolação, num palanque virado de costas para o público e de frente para a imagem da Nossa Senhora.
 
Umas melhores, outras piores (algumas mesmo muito fracas em termos de conteúdo), mas todas com a intensidade de que aquele é um momento único e marcante para aquela terra.
 
Pareceu não haver regras quanto ao conteúdo das décimas, apenas quanto à forma, refletindo-se ali também muito do nosso país.
 
Desde o jovem decimeiro, queixando-se de que a sua geração já não quer rimar (esperemos que o ministro Nuno Crato não se lembre de criar um currículo profissional específico de decimeiro para quem reprove mais de três vezes... porque é capaz de não dar grande decimeiro), ao avô decimeiro, que incitou em público o seu neto a sair das saias da mãe, passando pelo nostálgico decimeiro, que lembrou, homenageando, decimeiros antigos, alguns já falecidos, pelos otimistas decimeiros, que ali anunciaram formas de estar para ultrapassar ou contornar a crise, e pelo irreverente decimeiro, que declamou o decréscimo de qualidade da arte nos últimos anos, fica na memória a imagem de uma tradição que não se deve perder.
 
Que melhor momento para passar uma mensagem?
 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Escrevinhar #2 - Mapa Recortado - Lado B



Há uns tempos participámos num workshop de escrita criativa. Os textos dos Lados A e B surgiram do mesmo estímulo. A mesma realidade, duas perspetivas...

Ui, o que me apetecia agora “Moules et Frites”, exclamou, enquanto desossava o pedaço de frango na quinta dos seus sonhos.
 
Meia hora depois, passeando pela marginal do amor, lá chegámos, mas não sabia à mesma coisa.
 
A viagem interior que outrora dava magia a tão simples sensação, agora facilitada corroía o prazer total da inspiração.
 
Onde está o castelo, passou então a ser a sua pergunta, enquanto entristecia de alegria pela transformação deste Mundo que se transforma com uma imagem que o leve para lá do êxtase.
 
De regresso à quinta dos sonhos, longe mas perto do eixo da discórdia, as sensações aumentavam a cada segundo. Ele que, pela viagem gostaria de me abraçar, quer agora que a viagem nos leve para lá do que a nossa imaginação poderia imaginar.

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Escrevinhar #2 - Mapa Recortado - Lado A



Há uns tempos participámos num workshop de escrita criativa. Os textos dos Lados A e B surgiram do mesmo estímulo. A mesma realidade, duas perspetivas...
 
Vou no carro e está trânsito. Afinal aqui também há trânsito… Este pequeno pormenor nunca aparecia na imagem construída, sonhada, imaginada deste lugar.

Do rádio sai a voz da Edith Piaff. Bom, pelo menos isso corresponde ao filme que tantas vezes se desenrola na minha cabeça. Mas desconfio que esta deve ser uma frequência dedicada aos clássicos, não propriamente a rádio que está na moda.

Desligo o motor e saio do carro. De qualquer forma aquela fila não estava a andar nem um milímetro. Faz de conta que ficou estacionado ali no meio, ao pé do Arco do Triunfo.

Assim está melhor. Tenho poucas horas, mais vale gastá-las como manda a imaginação. Não é que haja um guião mas neste sítio há coisas que me apaixonam e não podem ficar por fazer.

Começo a andar: tarefa 1 cumprida. É que aqui tenho de andar a pé porque tudo é plano e ordenado, as casas lindas e… apetece!

Entro numa pâtisserie – tarefa 2 – onde parece que tudo implora por ser comido. Compro dois croissants.

Chego ao jardim ao pé do rio Sena. Lá estás tu à minha espera. Uma toalha no chão. Dois copos de vinho, queijo e pão. Tarefa 3 – um piquenique contigo – prestes a começar.

E sinto-me bem. Recolho mais pedaços deste lugar mágico, deste momento mágico, para levar para casa e começar novamente a reinventar o filme na minha cabeça até à próxima vez que cá virei.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Caridade ou a alegria nos pequenos gestos? - Lado B

 
 
 
O problema da caridade? É uma forma de privatização da redistribuição da riqueza. Dir-me-ão que se a eletricidade, a água, o serviço público de televisão, etc., podem ser privatizados, porque não a redistribuição da riqueza?
 
Talvez as razões para uma resposta negativa se apliquem a todos os setores anteriormente referidos, mas parece-me que neste são ainda mais relevantes. Simplesmente porque os privados não serão certamente mais eficazes na prossecução deste objetivo. E isto, simplesmente, porque não querem ser eficazes, cumprindo o objetivo principal da redistribuição da riqueza: um maior equilíbrio, tendo em vista uma sociedade mais justa e solidária.
 
Esta tarefa deve caber ao Estado, que somos todos nós, e portanto, também, cada um de nós individualmente. Mas a decisão - política, como todas as decisões - concreta de como redistribuir a riqueza deve obedecer às regras democráticas e do Estado de direito. Não deve ser cada um, por si, a decidir como deve ser redistribuída a riqueza, mas todos, em conjunto, como sociedade, a determinar a forma de alcançar este desígnio.
 
A (nossa) democracia talvez não tenha ainda conseguido trabalhar neste sentido, mas isso resulta mais da demissão de (quase) todos nós da decisão política do que da incompetência dos governantes, que, tal como noutros setores, acabam também por intervir muitas vezes sob a sombra de interesses meramente privados.
 
Se os pequenos gestos de que Ela fala dão alegria a quem recebe a esmola, também eternizam a sua condição de pedintes, dependentes dos outros, com tudo o que uma dependência tem de perverso, e talvez seja, afinal, essencialmente, a alegria de quem dá.
 

Caridade ou a alegria nos pequenos gestos? - Lado A

 
Ao regressar do trabalho parei num semáforo. Vi uma pessoa a dirigir-se ao carro pelo que, sem sequer pensar nisso, tranquei a porta e quando ele se aproximou da minha janela abanei automaticamente a cabeça, como faço sempre, em resposta aos mil pedidos de esmola com que sou confrontada ao longo da semana, seja na rua, no metro ou dentro do carro.
 
Mas desta vez foi diferente... Olhei para o lado, distraidamente, ao mesmo tempo que abanava a cabeça, e a tristeza que vi no olhar daquele senhor apanhou-me desprevenida! Tinha rugas e cabelo branco mas a sua idade era completamente indefinida. Não sei se tinha mau aspecto porque nem reparei. Fiquei momentaneamente presa àqueles olhos que expressavam um sentimento profundo de abandono e logo a seguir o semáforo ficou  verde e segui o meu caminho.
 
No entanto, ao contrário das outras vezes em que abano automaticamente a cabeça e sigo, hoje não conegui ficar indiferente, nem deixar de pensar naquilo o resto do caminho.
 
É impossível dar a toda a gente que me pede mas será que, em vez de dizer por definição que não, não deveria avaliar cada caso e dar qualquer coisa a quem me toque de alguma forma? A regra de dizer sempre que não é mais fácil, desresponsabiliza-me...
 
Ele dirá certamente que a caridade não resolve nada... que no fundo é uma forma de os mais ricos conseguirem evitar que os pobres se revoltem e manter a sociedade como está e, por isso, dar esmola é errado...
 
Mas eu não consegui evitar pensar: Se eu acredito que grande parte da felicidade está nos pequenos prazeres diários, não deveria aplicar isso também aos outros? Não posso fazer com que aquele senhor deixe de ser pobre mas se calhar posso proporcionar-lhe uma pequena alegria e tornar o dia dele menos mau. Se calhar, se eu lhe der qualquer coisa ele pode nesse dia comprar um lanche e ao saboreá-lo perder por momentos alguma da tristeza tão enraizada que os seus olhos espelhavam...
 
Ele dirá em resposta que eu sou ingénua... Alguém me dá uma opinião?